domingo, 23 de maio de 2010

(In)saciável.


Em meio ao barulho ensurdecedor dos raios e trovões, eu me encolhi, apertei os olhos com força e me abracei sozinha..sozinha mais uma vez! Aquela noite fantasmagórica parecia não ter mais fim. Assombrada pelas minhas idéias quase loucas, eu permanecia a me questionar onde você poderia estar, e com quem estaria se não era comigo. Aliás, onde anda você? Há quanto tempo não nos encontramos? O que anda fazendo de tão importante a ponto de me esquecer aqui no meio de toda essa insanidade? É complicado te entender quando se vive em um mundo de miséria. E mais do que miséria financeira, miséria de compaixão e de carinho, tudo isso que você dissemina. Toda essa escuridão e esse barulho sombrio, só me trazem o que há de ruim. Que mundo é esse que os que andam com você são tachados de loucos? Você na teoria é tão fácil, por que na prática falha tanto? Quanta incoerência!
Estou lhe escrevendo num ato de desespero, acredite! Na verdade, escrevo pra lhe alertar também. Estão usando muito o seu nome em vão por aí. Já me falaram sobre você algumas vezes e o pior foi que mesmo te conhecendo tanto, eu caí. Caí na minha carência e na solidão que ansiavam por você. Parecia ser insaciável a vontade de te ter aqui; viciante. Não sei se te conheço quanto digo, mas talvez saiba que você não está presente no meio de duas pessoas estranhas que acabaram de se conhecer por um meio virtual ou pessoalmente. Parece tão insuficiente.
Eu vejo a falsidade e a mentira se disseminando disfarçadas pelo seu nome todos os dias. Eu vejo a loucura se solidificando. Eu vejo a inveja, o ciúmes exacerbado, o desejo de posse. Eu vejo a fome todos os dias, eu vejo a ignorância se propagando como praga que se alimenta do carinho e o deixa às migalhas. Eu vejo uma multidão de pessoas sendo escravizadas pelo vazio que toda essa sociedade hipócrita e egoísta deixa. E eu os vejo marchando em direção ao fim. Em direção à miséria e ao desafeto. Insanos, isolados e cegos! Cegos porque um dia se deixaram cegar por uma ambição e um descontrole sentimental. E então declaro guerra! Guerra à mentira que se impõe sorrateiramente entre as pessoas! Guerra ao desprezo! Mas não uma guerra com armas e qualquer coisa que possa ferir, guerra vista como doença que só se cura com a sua presença. Sinto meu peito apertar toda vez que vejo homens tratados como cachorros vivendo do resto de alguém que, desce momentaneamente do poderio que desigualmente lhe foi concedido, e se sensibiliza ao dar-lhe o que comer. Sinto nojo. Não destes homens. Mas daqueles que sagazmente se dizem à disposição de governar o mundo que vivemos. Destes sim, meu maior nojo. Prometem, falam, iludem. E no cair do dia, enchem seus bolsos com o dinheiro que não lhes pertence para alimentarem sua ambição e seu reinado que lhes custará caro um dia.
Enquanto os reis dormem em seus castelos, os súditos de um mundo insano dormem não em abrigos nem casas simplórias, mas na rua. Palco da pobreza e da violência que se torna cada dia mais comum. Reflexo claro de um mundo injusto. Reflexo do descaso e da imoralidade. Desamor. Enquanto os mesmos reis vivem da morte de seu caráter, os súditos vivem da morte da esperança e dos sonhos que foram proibidos de sonhar. Sonhos comprados. Sonhos roubados. Sonhos esquecidos. Que alimentam a vontade de viver e não se conformam em deixar apenas sobreviver. Trazem consigo a mais doce e inestimável felicidade. Constante. Contagiante. Desconhecida. Algumas pessoas fingem encontrá-la no que menos se tem de valor no mundo, mas coisas que são cegamente perseguidas: o dinheiro, a fama. Enganadas por uma aclamação passageira, as pessoas se perdem no seu egoísmo e na sua ambição sem perceber, ou pelo menos fingem. Você já deve ter uma noção de como está tudo por aqui. Às vezes sinto meu coração bater acelerado. Mas não é pelo que você me causa (infelizmente). Ele arde em raiva. Na indignação com tudo isso que vivo. Com tudo o que vejo. Não foi isso que você me ensinou, não foi isso que eu quis viver. Mas acredito que estou aqui em missão. Para falar de você, pra ensinar o pouco que sei, pra agir como alguém que não vive em função de outra coisa senão por você e por quem te criou. É desespero sim, então, por favor, atenda o meu único pedido: VOLTA! Volta para o meu mundo. Volta e nos assiste com tudo que pode nos ensinar e nos oferecer. Estamos carentes mais do que nunca da sua presença. Volta amor, volta logo. Faz-nos sentir a sua presença como nunca. Você é o sentimento mais valioso que pode existir, mas é o que mais nos falta. Continuo a me contorcer na cama com os pensamentos que não cessam e que só me agonizam. Permaneço com os olhos fechados, ainda ouvindo os estrondos apavorantes dos trovões que parecem ecoar na alma. Espero o sono chegar. E espero que ao dormir, meus sonhos me tragam a paz que não tive durante o tempo que esses pensamentos me passaram pela cabeça. Espero que eles me tragam a solução, o conforto, me tragam você. Ei, amor. Volta logo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Fala Povo!


Cartazes, comícios, propagandas televisivas, carros de som e milhares de panfletos sendo distribuídos e posteriormente jogados no lixo ou no chão. Milhares de reais investidos. Dessa forma resumem-se as propagandas eleitorais atuais, ou melhor, o Marketing Político. O que antes era feito apenas por uma pessoa, hoje é feito por empresas próprias para isso. Paródias e slogans sintetizam idéias e a imagem ilusória que o político quer passar aos eleitores.
As campanhas eleitorais deixaram de ser intuitivas e se tornaram racionais, os palpites deram lugar à pesquisa. Tudo isso adaptado para acompanhar o ritmo do crescimento intelectual da população. Hoje, as facilidades para adquirir informações e a preocupação com o futuro do país, exigem que a ideologia que o candidato traz consigo seja discutida e avaliada pela população em geral.
“Todo trabalho publicitário que almeja uma futura eleição do candidato que apresenta, deve ser bem empregado e na dosagem certa para que a imagem do candidato não seja banalizada” disse Sullyvan Andrade, 32, consultor em Marketing Político. “É fato que nem todos os que se apresentam como honestos portadores de boas convicções o são, mas os fatores que resultarão em sua eleição são seu histórico, sua imagem e seu discurso que definirão seus planos de governo e suas idéias” afirma.
Para a estudante de letras Raquel Napoli, de 21 anos, o marketing não mostra o que os eleitores deveriam saber sobre o candidato em questão. “Na verdade, a gente não conhece a pessoa do candidato. A gente conhece o que é mostrado na mídia. Então, se eu quero fazer alguma diferença no país com o meu voto, eu decido acreditar.” diz.
É fato que o trabalho publicitário busca promover uma imagem falsa do candidato. O momento caótico em que vive a política do Brasil atualmente, nos faz entender o descaso de muitos eleitores que se deixam levar pelas intensas e muitas vezes exaustivas propagandas políticas.
“O marketing está presente em tudo hoje. Ele é um mau necessário. Na escolha do meu voto, eu procuro saber o histórico do candidato e analiso as idéias que ele propõe por meio do discurso” afirma Cíntia Gonçalves, 22, estudante de psicologia.
“Querendo ou não, o trabalho publicitário por trás da imagem dele é intenso e mostra apenas os pontos bons, então eu escolho o que me convence pela ideologia que ele apresenta.”diz.
Com o transcorrer da história democrática, a perda da credibilidade política é fato, porém esta perda não implica na inexistência dela. Culpar as pessoas que dirigem o nosso país pela corrupção, pelas obras inacabadas, pela falta de assistência à população e pelo não-crescimento do país é comum, mas pensar que a culpa é de quem colocou essas pessoas lá, é praticamente uma agressão à população. De fato, a culpa está muitas vezes na falta de orientação dos eleitores e no descaso que tem com o futuro do país.
“A população reclama que políticos compram votos na eleição, porém a maioria não pensaria duas vezes em aceitar o dinheiro sujo por ele pago”, afirma o estudante de direito, Lucas Silveira, 21. Segundo ele, a corrupção e a falta de credibilidade devem ser imputadas à coletividade, não a um grupo de políticos que é produto do sistema brasileiro. “Mas sabendo disso ainda acredito em algumas coisas, de modo que se não acreditar, não estarei acreditando no sistema que o Brasil tanto lutou para conquistar”, diz.
Renata Prates, 20, também estudante de direito, acredita que as propagandas eleitorais têm apenas a função de mostrar o rosto e o nome dos candidatos. Para ela, pensar que as tais são capazes de mostrar o caráter deles seria ignorância. “Eu não acredito no que os candidatos falam nas propagandas eleitorais. Eu voto neles, porque apesar de muitos dizerem que isso não existe, eu acredito que sempre tem um que “rouba mais faz”, então voto no menos pior mas não acreditando em tudo que eles falam.”
É verdade que o sistema é corrupto por um todo e ele deve ser mudado. Mudar os políticos ou as propagandas eleitorais seria paliativo tendo em vista a corrupção da coletividade. Todos os nossos representantes são frutos da sociedade em que vivemos. E se eles têm atitudes corruptas, o que o povo brasileiro faz para mudar ou impedir?